OpenStreetMap

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Depois de algum tempo do retorno do State of the Map 2022 em Florença, e após uma breve reflexão sobre minha experiência no evento, gostaria de compartilhar minha visão sobre o SotM 2022.

Vista do Duomo

Inicialmente, gostaria de agradecer ao State of the Map Working Group por fornecer bolsas para a participação no evento, na qual fui agraciado (mais sobre isso adiante).

Sobre o evento, foram 3 dias muito intensos! Durante o SotM, pensava que poderia aproveitar mais, mas olhando para trás, vejo que seria praticamente impossível. Várias apresentações interessantíssimas ao mesmo tempo, pessoas incríveis para conhecer e conversar, pôsteres muito bem construídos e apresentados, enfim, muita coisa acontecendo ao mesmo.

Eu no SotM Exausto após muitas apresentações e uma noite animada no Mercato Centrale

Houveram algumas apresentações excelentes, na minha opinião, tais como Entry-level Mobile Mapping, de Kristen Tonga, e How to kill OSM? Above all, change nothing, de Florian Lainez. Foi bom também ver apresentações de muita gente que conhecia somente virtualmente, como Sarah Hoffmann, Ilya Zverev, Amanda McCann e Martijn van Exel.

Outro ponto alto da conferência foi conhecer e conversar com gente incrível. Foi um prazer conhecer pessoalmente vários brasileiros: o mundialmente famoso Gustavo Soares, o gente boa Vitor George, o chato do Kauê Vestena, Thierry Jean, as meninas do Uai Geo Ana Teixeira, Profa. Silvia Ventorini e Natalia Arruda; o pessoal da América Latina, como Emiliano, Jonathan Rupire, e a incrível Miriam Gonzalez; além de outras pessoas de vários países, como Petya Kangalova e Pete Masters (tão simpáticos), e as infinitas pessoas do HOT cujos nomes infelizmente não memorizei (eram tantos!). Isso mostra como foi diverso o evento, e fico muito contente de ver tantas pessoas variadas, e que tanto o SoTM WG quanto a HOT fizeram esforço de levar para o evento, tirando a concentração de terem as mesmas pessoas de sempre indo e apresentando no SotM.

Mapeadores LATAM Mapeadores da América Latina (foto de Vitor George)

Contudo, mesmo com essa diversidade que tanto me encantou, houve algumas coisas que vi in loco e que me fazem preocupar com o futuro do OSM: o crescente domínio das empresas no OSM. A primeira pergunta que me faziam era: em qual organização você trabalha? HOT? YouthMappers? Mapbox? Meta? Me parece que nós, “simples mapeadores”, estamos perdendo relevância na comunidade. E é triste que, pela natureza do evento, os mapeadores quase nunca podem comparecer presencialmente, e as pessoas que lá estão, majoritariamente foram patrocinadas por alguma organização (eu mesmo fui!).

Também me preocupa o quanto devemos nos movimentar para não deixar o movimento morrer (ou ficar nas mãos de alguma organização). Cada dia que passa o HOT tem mais relevância no OSM (acho o projeto belíssimo, eu mesmo contribuo quando posso nos projetos do HOT, e uso com frequência o Tasking Manager), e me preocupa que ficará de tal forma que o HOT se torne o OpenStreetMap. Nós (capítulos locais, fundação) estamos tão inertes que o HOT, juntamente com YouthMappers, são as organizações que estão constantemente recrutando mapeadores, e esses mapeadores no fim nem sabem direito o que é o OpenStreetMap. Estando no evento, me pareceu que o SotM era um evento do HOT, e não do OSM.

Mapeadores Brasil Alguns mapeadores do Brasil

Entendo a posição da fundação, e o que é o OSM, mas acho perigoso deixarmos o OSM na mão de alguma organização (seja o HOT, seja outras mais perversas como Meta ou Mapbox). A apresentação do Florian apresentou vários pontos, alguns que discordo mas concordo com a maioria (e com a ideia geral), e que felizmente causou incômodo na comunidade.

Também é triste ver a parte técnica do OSM sendo gerida pelas mesmas pessoas de sempre. São pessoas extremamente capazes, mas tampouco podemos deixar o OSM na mão de poucas pessoas. É hora de levarmos o OSM mais a sério, profissionalmente (talvez a Wikimedia Foundation seja um bom exemplo, mesmo com todos os defeitos?).

Um ponto interessante foi ver pessoas que virtualmente pareciam extremamente chatas, e pessoalmente isso se confirmar 😂 Uma pena que não consegui ver todas as apresentações que queria, mas verei assim que estiverem disponíveis em vídeo no site do SotM.

De qualquer forma, foi um evento extremamente proveitoso, e novamente gostaria de agradecer ao Working Group por me disponibilizar uma bolsa que cobriu alguns custos da viagem, e agradecer imensamente ao Vitor por me incentivar a concorrer à bolsa. Recomendo a todos que concorram no próximo evento, sinto que minhas energias para com o OSM foram renovadas! Foi legal ver o HOT levando tanta gente de vários lugares do mundo, a conferência ficou mais bonita e interessante!

Por fim, também gostaria de agradecer à organização (Wikimedia Italia) pelo evento muito bem construído e planejado, e a todos que compareceram, os voluntários, os trabalhadores no local, os palestrantes e os que foram lá assistir, que fizeram desse evento uma lembrança especial para mim!

Este post foi escrito sem nenhuma pretensão de fazer muito sentido, então meus pontos podem estar em contradição e não muito bem explicados. Todas as fotos sem créditos foram feitas com meu celular, e estão sob licença CC BY 4.0.

Location: Meireles, Fortaleza, Região Geográfica Imediata de Fortaleza, Região Geográfica Intermediária de Fortaleza, Ceará, Região Nordeste, Brasil

Discussion

Comment from vgeorge on 13 September 2022 at 13:23

Foi um prazer te conhecer pessoalmente, Matheus, obrigado pelo relato!

Comment from kauevestena on 22 November 2022 at 10:47

“O CHATO DO KAUÊ”, MAZOLHA SÓ A AUDÁCIA KKKKKKKKKKKK

TMJ, man!!

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